domingo, 22 de julho de 2007

Vácuo telefônico

O som não se propaga no vácuo e em sua cabeça a mesma coisa acontece com o tempo.
A ausência de idéias, pensamentos e afazeres fazem com que o tempo se arraste, brigando com alguma força imaginária para conseguir mover os ponteiros por alguns míseros segundos. O pensamento na outra pessoa faz de sua rotina um turbilhão incontrolável que você já não sabe mais como agir.
As amigas dela dizem A, seus amigos retrucam B, ela insiste no C e um abecedário inteiro se forma, enchendo de maneira vazia o espaço ocioso de sua mente.
De qualquer maneira, não há remédio melhor do que o som da voz tão aguardada do outro lado da linha.
Em um texto de Letícia Junqueira, chamado “A tortura telefônica”, a autora narra de maneira espetacular as mazelas enfrentadas por uma garota que espera a ligação de sua atual paixão. Sendo homem ou mulher, é impossível não se identificar com a inquietação sofrida com o silêncio do aparelho telefônico.
Cada minuto de silêncio parece um grito ensurdecedor que rasga o conforto de um domingo a tarde, fazendo com que você se questione onde está a parte boa de ficar apaixonado.
Tudo é tão mais fácil quando estamos em uma posição de indiferença, quando outros aguardam nossa ligação, quando você evita o aparelho telefônico e a recíproca não é verdadeira.
O som não se propaga no vácuo, e muito menos nas linhas telefônicas daqueles que esperam uma simples ligação...

Nenhum comentário: