domingo, 29 de abril de 2007

O Príncipe, O Publicitário

É revoltante abrir o jornal e dar de cara com a notícia “Duda Mendonça prepara volta ao mercado” (1)! É tortuoso o caminho a ser traçado para competir em um mercado com idas e vindas de sujeitos como esse, que saem por cima e são encarados como vítimas em situações onde deveriam ter vergonha de ver sua imagem citada publicamente.
Todavia, de acordo com Maquiavel, sujeitos ambiciosos que tanto almejam o poder estão mais do que certos em utilizar-se de qualquer tipo de estratégia necessária para alcançá-lo, mas deve estar atento ao fracasso, como podemos ver no seguinte trecho “O desejo de conquista é coisa realmente natural e comum, e os homens que podem satisfazê-lo serão louvados sempre e nunca recriminados. Mas não o podendo, e querendo fazê-lo de qualquer modo, aí estão em erro, e merecem censura.”(2).
Duda tentou e fracassou e por isso sofreu as retaliações que lhe couberam, mas seria sua volta uma tentativa de retomar a sua, até então anêmica, força? Muitos em seu lugar optariam pelo silêncio e cairiam no anonimato, porém, parece que subestimamos nosso colega publicitário e esse ainda tem cartas na manga. Contudo, se ele for bem sucedido em seu retorno esqueceremos as falcatruas que já ocorreram?
Jules Mazarin diria que a resposta é sim, vide a seguinte citação “Também não tomes iniciativas, se não tiveres a certeza de ter bom êxito. Tão brilhante quando te estreias como em qualquer outra coisa: uma vez conquistada a fama, mesmo os teus erros serão títulos de glória.” (3).
Teus erros serão títulos de glória? Por mais que tenhamos aulas de ética e legislação, nossos valores não serão moldados em salas de aula e dependem muito dos modelos que resolvemos seguir. O que dá a entender é que não só a biblioteca, mas sim todo acervo de livros de cabeceira, de pessoas como Duda Mendonça e Paulo Maluf, está repleto de pensadores absolutistas, ditadores e outros que fazem o possível e imaginário para manter-se no poder.
Apesar de discordar de idéias como as pregadas pelos autores acima, acho que o estudo sobre estes é fundamental para não sermos pegos despreparados por sujeitos que seguirão tais ideais a risca. Já para os adeptos desejo um boa sorte, pois se tais livros transpuseram os séculos e continuam atuais, pelo menos um conteúdo sólido eles possuem, mas os próprios autores ensinam que nem tudo que está escrito é verdade absoluta, pois como já diria o Cardeal Mazarin:
“Escreve os episódios gloriosos da história da tua linhagem, sem te importares com os invejosos, que não deixarão de troçar do teu orgulho. O que conta é que os escritos, verídicos ou complacentes, tenham para os futuros a aparência da verdade - pois as palavras morrem com quem as pronuncia, ou mesmo antes.”
Fontes:
(1) Meio&Mensagem – 16/04/2007
(2) O Príncipe - Niccoló Machiavelli comentado por Napoleão Bonaparte
(3) Breviário dos Políticos - Giulio Mazzarino

Um comentário:

Nanda disse...

mandando bem como sempre, eim, léo?
o título caiu muito bem!

beijo!