quarta-feira, 25 de abril de 2007

Procura-se Amy

Para quem espera uma resenha do filme ou algo além de reflexões melhor nem ler, para depois não precisar criticar, dizendo que matérias como essas não deveriam ser publicadas em nosso humilde fanzine. Mas se o nome da sessão é O Povo Manda, por que não deixar àqueles interessados algo para se pensar?
No filme de Kevin Smith há uma brilhante cena onde o diretor conversa com Ben Affleck sobre relacionamentos, e tal conversa além de ser o auge do filme é o foco do que será discutido. O personagem de Affleck descobre que no passado sua atual namorada tivera inúmeros casos, com múltiplos parceiros e até relações homossexuais, e por isso resolve abandoná-la, não a achando digna do seu desejo de ter uma relação que ele define como “dentro dos padrões”. É então que o ator e diretor Kevin Smith faz um discurso onde retrata uma experiência similar que teve, uma vez que, em meio a um namoro bem sucedido questionou sua namorada sobre seus relacionamentos do passado, e ouviu muitas coisas que não queria saber, sobre quantidade de parceiros e grau de intimidade das relações. Como já era de se esperar o personagem não soube lidar com a situação e procura a solução mais fácil, rompendo o relacionamento.
Smith diz que julgou Amy, sua ex-namorada, pelo seu passado, mas só no futuro foi perceber o quão importante ela era pra ele, mas quando isso ocorreu, a situação já havia sido superada e a garota estava em outro relacionamento, é então que revela até hoje estar à procura de outra Amy.
O filme é uma comédia superficial (não que isso que você está lendo seja muito profundo), mas é tal conversa que nos deixa inquietos e faz questionar algumas decisões que tomamos. Afinal de contas, atire a primeira pedra quem nunca julgou um parceiro por atos do passado! Quem nunca brigou por que a namorada citou o ex em uma conversa? Quem nunca ficou com o pé atrás com aquela garota que você adora, só porque ela já beijou um amigo seu? Muitas vezes deixamos até de acreditar no “Eu te adoro” da companheira por ela ter um passado comprometedor! É justo não se levar um relacionamento a diante por um passado indesejado?
Julgamos que o que as pessoas procuraram no passado é o que procuram até hoje, desprezando os sentimentos e desejos alheios. Insegurança ou egoísmo? Os contextos mudam, os relacionamentos são diferentes e o que desejamos deles são únicos. Estar com uma pessoa que já experimentou de tudo pode ser algo maravilhoso, pode significar que ela escolheu você, após tantas tentativas e experiências. Mas por que então nunca pensamos assim? Temos medo do que nossos amigos comentarão? Isso é fato, sempre houve a necessidade de estar bem num grupo, e esse grupo nunca aceitará que você trace seu próprio rumo em um relacionamento sem tentar meter o dedo no meio, às vezes numa tentativa de te preservar, às vezes apenas por pura picuinha, ou até mesmo por ciúmes.
O que é fundamental em tudo isso é pensar que poderia ser você. Temos muitas coisas do nosso passado que só nós sabemos por que fizemos, e a resposta cabe a ninguém mais do que nós mesmos, mas por isso queremos que outros nos julguem sem saber nossas reais intenções? Lembre-se que no futuro, o presente se tornará passado, então faça um passado para se orgulhar e acima de tudo, deixe que alguém faça parte desse passado, procure sua Amy, pois como já se dizia no filme “No amor temos que colocar as pessoas acima de seus atos”.
Um texto confuso, de idéias jogadas, escrito em uma madrugada de quarta-feira ao som de The Corrs.

2 comentários:

Anônimo disse...

eeee... post novo, hoje vou comentar! :)

o filme é "meia boca" mesmo, mas, levando em consideração que o kevin smith foi um dos roteristas do "todo mundo em pânico 3", essa comédia não fica nada superficial, não é? :) HAHAHA!

ah, mas, às vacas frias...
você tá afiado em metáforas, eim? :)
e me parece que afiado em paixões também... :X

beijo! :*

Anônimo disse...

Isso é verdade Léo. A gente ainda acha que criticar o passado é melhor do que sonhar com o futuro.