sexta-feira, 8 de junho de 2007

Memórias de museu

Com a cabeça pesada de tanta nostalgia você tenta dormir. É obvio que não consegue. Foram só três meses de relacionamento, mas parece que as lembranças se acumularam nesses quase 3 anos que vocês não se viam.
Feriado não emendado não tem praia, não tem Campos, mas tem cinema. Depois de passar o dia fazendo trabalho você escolhe uma companhia e vai.
Shopping lotado, cinema idem. É aí que vocês escolhem comprar os ingressos pela maquininha com cartão de crédito. Porém, até ela tem fila. É impressionante como os momentos de fila e elevador têm o dom de deixar as pessoas constrangidas.
É então que no meio de tantas pessoas você vê um rosto familiar. Porém, seu cérebro está em ritmo de feriado, e até você saber quem é os segundos vão passando lentamente.
É ela! Nossa, faziam quase três anos que vocês não se viam. Como o tempo passa, como as coisas mudam, mas não ela. Parece que foi ontem que vocês se viram pela última vez e deram aquele beijo, já não mais apaixonado, de despedida, que você sabia que seria o último.
Os olhares se encontram, se evitam e numa tentativa falha de fingir que não viu, mostra indiferença. O seu corpo prova o contrário. A temperatura sobe, as pernas estremecem e o coração vêm parar na boca.
Sem saber como agir, você passa por ela fingindo que não viu. Tira do bolso o pouco de coragem que tem e vai dar “oi”. É um clima tenso e forçado, tão forçado quanto o fim de namoro que vocês tiveram.
Ela estava estudando, você também. Agora ela trabalha, você também. Você mostra que está bem sem ela... Infelizmente ela também.
Vocês se trombam algumas vezes até que você entra no cinema. O filme da tela é muito bom, mas não tão bom quanto o que passa em sua mente. Um filme de recordações, em que algumas partes têm aquela mesma sala de cinema que você está, mas em um contexto muito diferente.
Nos climaxes têm as mensagens apaixonadas, os beijos, cartas e as brigas.
Os filmes passam e as luzes ascendem.
Em casa, sozinho, tentando dormir, você tenta enfiar em sua cabeça que não dá para viver de passado, mas essa idéia resiste em entrar, pois naquele momento sua cabeça já está lotada. Está cheia de nostalgia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Léo, eu recomendo http://semanais.abril.uol.com.br/soumaiseu/participe.shtml?pgok=participe
Tenho certeza absoluta que esse texto seria aprovado. Além de divulgado em uma publicação nacional (acho) você levaria uma graninha fácil.
Creio que seria aprovado pela sonoridade, sutileza e pelo final, admiravelmente delicioso.
Não custa nada tentar...